quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sonho nº 6 (Platão em preto e escarlate)

Derivavam um prazer imensurável daquele espancamento. Afogaram-no uma, duas, vinte vezes no rio, gritando impróperios, frases feitas, pedidos de confissão e seu nome em tom jocoso. Seu raciocínio rápido infelizmente não conseguia dizer o por quê, mas sabia que iria melhorar. Não melhorou. Levaram-no até uma cruz de madeira, amarraram-no nela, atearam fogo em seus pés, e enquanto o acusavam de ter apaixonado-se por uma arlequina, riam com dentes podres e pecados aflorando em seus suores. Injustiçado, esmurrado e exalando medo, assistiu em seus ultimos momentos sua carne e sanidade queimando em um fogo cor de azeviche, em nome de um amor do qual nunca provou.

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