terça-feira, 8 de novembro de 2011

Imaginário de sopros estrelados

O garoto mudo mal se expressava por palavras. Escrevia numa plaquinha de vez em quando, esboçava mímicas. Acima de tudo, soprava notas perenes em sua flauta esverdeada, feita de uma madeira especial das colinas de Angmont. Dizia (ou melhor, diziam por ele), que lhe tinha sido dada por um mágico viajante, o qual nunca mais fora visto. Presente de um místico ou não, o rapaz só a tocava alegremente pelos vilarejos por onde passava juntamente de seu melhor amigo, um charadista de muitas (e confusas) palavras. Tudo era motivo para falar por matemática, adivinhas ou perguntas simples. Nunca falava de maneira comum, indouta. Usava palavras rebuscadas e de tonalidades diferentes. Era quase um pintor da voz, ora gritando carmesins, ora sussurrando verdes-musgo. Ambos eram peculiares, porém muito bem quistos. Trilhavam seus destinos por vagar pelas terras irregulares e pacatas do condado de Inghisbrook e além, espalhando alegria todas as noites, quando faziam do ar livre um espetáculo de notas doces, charadas, risos eufóricos de felicidade e suspiros de garotas, que após o lindo imaginário de flautas e estrelas, como chamavam as apresentações sob o luar, recebiam um botão de rosa de cada um dos dois amigos, Jaremy e Cyanjack.

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