Eu não entendo. Sabe, eu gostava de ir à praia a tarde em dias nublados... Mas ela olhava pro lado, virava de leve a cabeça pro outro, tinha expressão escura.. estava triste, isso era ironicamente claro. Ela não saía daquele banco de ponto de ônibus. Parecia esperar pelo homem certo, aguardando por toda a eternidade. Vez por outra tirava os cabelos castanhos escuros que voavam para sua boca, fazia menção de olhar no relógio. Estava atrasado. Os ônibus passavam, as palmeiras eram balançadas pelo vento, as lágrimas ora escorriam de seu rostinho bronzeado, ora cessavam. Ah, como eu queria poder te escrever versos felizes, baby.. Mas escrevo pra mim. Você merecia a todos eles, os flamencos e bossas, os sambas e baiões que tanto ama, mas a culpa, baby, é daquela moça. É a tristeza que eu preciso pintar nesta carta; dedilhar nestas cordas.. Isso me absolve de fardos insustentáveis, admito sentindo-me fraco. Faço-me forte por escrever; desfaço-me daquilo que me faz fraquejar. Mexia na sua bolsa de vez em quando, como quem procura lá dentro um algoz para suas mágoas e um sorriso singelo. Só tirava solucinhos que escapavam daqueles lábios finos. Não era mais linda que ti, bem sabes.. É só que a fragilidade era tão pesada, tão extenuante.. inspirava o espírito protetor de nós, homens. Porém nunca me apaixonei por ela, confesso, aliviado. Só senti pena. E como único ato de gentileza que me cabia, deixei cair meu lenço perto dela, enquanto atravessava pela calçada.
Eu gostava de ir à praia nestas tardes grises. Não volto mais para lá porque tenho medo dela. E se não posso, baby, te escrever versos mais bonitos então contente-se, por amor e por favor, com meus singelos suspiros por uma estranha que, diferente de mim, nunca encontrou o amor de sua vida passando por essas bandas.
sábado, 26 de novembro de 2011
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