segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Lorde do Éter
E a fila de dominós continuava a cair. Podia-se ver suas "grandes ideias" quebrarem-se sobre sua cabeça. Pobre Elliot. As vezes a frustração era tanta que sangue escorria do nariz. "É sua pressão, tá comendo muito bacon..." Era só o que o médico dizia. Nem comia carne. As vezes lembrava-se de sua ex-garota, que nunca chegou a ser namorada, e aí se arrependia de ter ao menos pensado. Só que sentia falta de braços femininos, nem que fossem os da sua "mãe" (avó, por que mãe nunca teve). Sua vida parecia uma mesa de cassino. Dominós caindo, casas de cartas indo abaixo, palmadas violentas sobre a própria, seguidas de vociferantes "SEIS!" A vida o trucava constantemente. E metido com uma mão nojenta, copo vazio, falta de vontade e pressão alta, dava um nó four-in-hand em sua gravata 3cm, abotoava seus punhos na camisa, e ia para seu emprego medíocre, sem esperança alguma para um bom jogo. Ao menos pensava que por ser tão diferente, se o matassem e jogassem num destilador de fundo de quintal, poderia gerar grana pra algum traficante, refinando coca. Até ontem de manhã, quando atendeu a campainha meio grogue do pileque de sábado.
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