terça-feira, 3 de agosto de 2010

Chuva Ácida

O Sol já era baixo, havia uma estranha comoção no ar, pessoas inquietas, andando como sempre no estranho vai-e-vém do cotidiano, da hora do rush. Mas era estranho, diferente, soava como uma grande catástrofe. Não só soava. Dos céus rúbros começava a cair uma chuva fina de coloração semelhante ao céu. A alegria entorpecente estampada nos rostos das pessoas seguia por um horror tremendo. Rostos deformados por gritos inaudíveis. Terrível. Hediondo. Devastador. Nos períodos que seguiram este extermínio, os poucos que sobreviviam se escondiam debaixo das construções que ainda não haviam sucumbido para as bátegas escarlates. Do mesmo vértice de onde surgiu a primeira gota, parecia começar a cair coisas diferentes agora: raiva, inveja, egoísmo e apreensão afligiam os pobres humanos sujeitos a esta catástrofe. O queimar de seus semblantes lembrava as sombras do Vesúvio. Após estes acontecimentos, com o cessar da chuva de lágrimas, alguns sobreviventes da inicial alegria, do medo, ira, e inveja levantaram-se dos escombros e como num surto de paixão, abraçaram-se sob o céu negro, salpicado de estrelas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário