"Asas, asas, as guardo para mim!
Só revelo, por sopros, uma espiral sem fim,
repleta de carícias verdejantes de sibilante significado,
que palavras vãs e iníquas jamais teriam falado!"
O charadista continuava por apresentar seu amigo, Jaremy, e com metáforas falava de asas, asas alvas como o leite de tulipas..
"Tu ru ru, tu ru ru, tu ru tu ru ru ru ru ru" serpenteava o flautista, apontando para Cyanjack com a ponta de sua perene flauta transversal.
E pela noite afora, nas areias da praia, sob o céu pululando com estrelas, os dois amigos encantaram dezenas de corações com palavras recitadas com doçura e tristeza; outras sopradas em compassos disformes por lábios em embocadura quente de tanto sibilar. Suspirava, suspirava, suspirava até não poder mais a inebriada Sophieé, dama de três-mais-vinte, que nada sabia da vida. Cambaleava de paixão sem saber quem amava mais, se o ácido misterioso ou o gentil galante, ambos o mesmo inquieto falador, de cartola, camisa vermelha xadrez e sorriso amarelado. Enquanto o flautista distribuia alguns botões de rosa, Cyanjack deu conta de dar ainda mais asas ao coração de pobre Sophieé;
"Dança, canta, craveja o chão com tua graça!
Por que teus preciosos pés o são como um adorno,
peço-lhe teu amor que constantemente me enlaça,
e imploro, doce dama, um último beijo, para meu bom sono.
Questiono eu então, por que hás de me conquistar?
Se em meus sonhos me foi dado o dom do ser sozinho?
Bem sei que amável e de desejo é teu âmbar.
Então declara a mim todo o teu amor e teu carinho!
Asas, asas, as escondi de ti!
Pois meu anjo, sem elas, não podes deixar-me a mim.
Mesquinho, a quero só ao meu lado e por fim,
amaremo-nos eternamente sob estrelas, mesmo aqui!"
E entre rosas rodopiando pelo ar cheio de sereno, nossos amigos conquistadores vagam, triunfantemente, rumo ao próximo povoado onde irão espalhar todo o amor do mundo.
domingo, 11 de dezembro de 2011
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