sábado, 26 de novembro de 2011

O Blues das 16h30

Eu não entendo. Sabe, eu gostava de ir à praia a tarde em dias nublados... Mas ela olhava pro lado, virava de leve a cabeça pro outro, tinha expressão escura.. estava triste, isso era ironicamente claro. Ela não saía daquele banco de ponto de ônibus. Parecia esperar pelo homem certo, aguardando por toda a eternidade. Vez por outra tirava os cabelos castanhos escuros que voavam para sua boca, fazia menção de olhar no relógio. Estava atrasado. Os ônibus passavam, as palmeiras eram balançadas pelo vento, as lágrimas ora escorriam de seu rostinho bronzeado, ora cessavam. Ah, como eu queria poder te escrever versos felizes, baby.. Mas escrevo pra mim. Você merecia a todos eles, os flamencos e bossas, os sambas e baiões que tanto ama, mas a culpa, baby, é daquela moça. É a tristeza que eu preciso pintar nesta carta; dedilhar nestas cordas.. Isso me absolve de fardos insustentáveis, admito sentindo-me fraco. Faço-me forte por escrever; desfaço-me daquilo que me faz fraquejar. Mexia na sua bolsa de vez em quando, como quem procura lá dentro um algoz para suas mágoas e um sorriso singelo. Só tirava solucinhos que escapavam daqueles lábios finos. Não era mais linda que ti, bem sabes.. É só que a fragilidade era tão pesada, tão extenuante.. inspirava o espírito protetor de nós, homens. Porém nunca me apaixonei por ela, confesso, aliviado. Só senti pena. E como único ato de gentileza que me cabia, deixei cair meu lenço perto dela, enquanto atravessava pela calçada.
Eu gostava de ir à praia nestas tardes grises. Não volto mais para lá porque tenho medo dela. E se não posso, baby, te escrever versos mais bonitos então contente-se, por amor e por favor, com meus singelos suspiros por uma estranha que, diferente de mim, nunca encontrou o amor de sua vida passando por essas bandas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Devaneios de Insolação

O Sol brilha para todos. O céu azul pinta a vida alheia com pinceladas de alegria e boa disposição. O mar salgado é tão doce quando toca aqueles que o amam.. Em que se pese que o Inverno está sempre iminente, raios de Verão são sempre a esperança de uma vida mais quente e menos destratante. O corpo molhado de mulher impresso na areia sempre trará novas de samba às mentes dos crédulos fiéis no mais magnífico templo natural apaixonados por sua luz; Ondas de corrente sul sempre esfriarão os pés quentes daqueles que travam uma constante batalha contra seus próprios almejos. E quando a Lua de Verão trouxer a brisa fresca para acalmar os ânimos dos irmãos insolados, todos que se deitam nas quentes areias da praia poderão assegurar-se de que o mar trará um novo Crepúsculo (já tão conhecido por nós) que sempre, sempre ilustra com maestria a divindade da criação Soft Machine.

sábado, 19 de novembro de 2011

Triste boneco de ferro - Bokanovski's Baseborn Rat

..A natural son of all the lust on the universe. Took as stillborn, thus dead by all means to every soul that dared to live in times so turbulent. Realidade quimera. Curved, starved(Faminto por Motivos) to a semi-counscious state, carved his own cure on that thin chest of his, claiming what was his by rights: A maggot crown bathed crimson in the blood of his days. Heir to a dying throne, a bastard king without lands, power, nor gold. His only riches were the hideouts provided by the moonlight, in which he struggled day after day to find a meaning for that empty phone booth behind the brick wall (Com gritos de guerra pixados). Carrasco. Verdugo. Feitor. He felt the pity only for those who'd inherit the landmine his mind had become. "Culpa de Sangue" - Leia nas paredes, ele dizia. E numa dança circular clamava a vida de inocentes com sua lâmina, gracioso como Cyrano de Bergerac, silencioso como seu próprio nome:

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Blitzkrieg Rendezvous, o Assassino

...Era um homem que lutava contra a sua Smirk, smirk mania de Nudge Wink cacoetes...

...Lazy eye, Grim, Wink...

Agora! Bang! Shake, Wink Smirk!

Sujou.

domingo, 13 de novembro de 2011

O óbvio objetivo, vulgo amar

O homem pode conhecer diversas mulheres, provar de diferentes danças e acariciar infinidades de cabelos diferentes, e ainda assim é marcado pelo tormento cabido ao eterno desesperado tão chamado apaixonado. Não há subjetividade no que se faz explícito e o é por si só, no que é tão lindo que causa agonia, naquilo que consome e germina a glória masculina. Não há como desapropriar do amor o caráter decisivo de sua voracidade, não há como desenhá-lo por linhas, pois enquanto gráfico, sempre será uma folha em branco na mesa do cartunista falido. Não existe confusão no que é tão simples: te quero, te quero e te quero. Não macula o que é inocente em seu arché. Não há mudança no que é por natureza eterno e imutável, não há indecisão no que em sua gênese é resoluto, e que dá ao Andro seu alimento metafísico. Não rotula nem distorce. Não estereotipa. E não importa quantos olhos se admire além do Magnum Opus cabido a cada alquimísta de seu amor, a eterna orbe de estrelas e astros de sua florentina Beatrice sempre será o triunfo do Dante de cada um. Não reflete-se tanto em outros lábios o sorriso que rasga seu ódio. Não leva em conta quantas venha a olhar, contemplar e esquadrinhar; sempre haverá aquela cuja boca tem maior significado, e ainda que se não tenha provado daqueles lábios virgens, sempre saberá de que doce mel foram pintados em seu rosto. Sempre será o vaso de alabastro que salva, dentre um mundo imerso a caos, o Don Juan Derrotado dos braços de sua mágoa desilusória. E não se cansa nunca de dizer que a quer, que a quer e que quer, acima de todas as outras, a Ela.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Imaginário de sopros estrelados

O garoto mudo mal se expressava por palavras. Escrevia numa plaquinha de vez em quando, esboçava mímicas. Acima de tudo, soprava notas perenes em sua flauta esverdeada, feita de uma madeira especial das colinas de Angmont. Dizia (ou melhor, diziam por ele), que lhe tinha sido dada por um mágico viajante, o qual nunca mais fora visto. Presente de um místico ou não, o rapaz só a tocava alegremente pelos vilarejos por onde passava juntamente de seu melhor amigo, um charadista de muitas (e confusas) palavras. Tudo era motivo para falar por matemática, adivinhas ou perguntas simples. Nunca falava de maneira comum, indouta. Usava palavras rebuscadas e de tonalidades diferentes. Era quase um pintor da voz, ora gritando carmesins, ora sussurrando verdes-musgo. Ambos eram peculiares, porém muito bem quistos. Trilhavam seus destinos por vagar pelas terras irregulares e pacatas do condado de Inghisbrook e além, espalhando alegria todas as noites, quando faziam do ar livre um espetáculo de notas doces, charadas, risos eufóricos de felicidade e suspiros de garotas, que após o lindo imaginário de flautas e estrelas, como chamavam as apresentações sob o luar, recebiam um botão de rosa de cada um dos dois amigos, Jaremy e Cyanjack.

domingo, 6 de novembro de 2011

Overture di dolore (Woe to all)

Ondas, surtos incorrigíveis de sangue carregado de paixão ardente, pulsando, pulsando conforme o compasso de sua vida. Todos os dias começam com o abrir dos olhos e a promessa de um alvorecer mais claro, todos os dias começam com o prospecto de uma noite menos escura. Ao passo que crepúsculos, vez por outra, adormecem em abundância de serenidade, em outros casos as fumegantes quanta de dor e euforia descarregam-se sobre o pulsante coração coberto de cicatrizes. Abandonado em seu leito, esperando por dias mais fáceis, perguntava-se se realmente isso tudo valia, se aquilo tudo era apenas fruto de fogos fátuos incitando revoltas em sua existência, ou se aquele carnaval de latejos era real e objetivo; tangível. Euforia seguida de ódio e então dor, mágoa, desespero, todos perdidamente apaixonados pela falta de esperança, maculados pela mão negra que após acariciar seu já entorpecido desejo, o esmagava, causando a aniquilação e o oblívio tão característicos de todas as manhãs ruins. Restava-lhe apenas a fé de que o amanhã traria ondas melhores.

sábado, 5 de novembro de 2011

The kiss of the beast before the last petal fell

The moon used to remind him of those days. Days of old, when the lad played endlessly running about the huge garden of innocence. That vastness of golden leaves often led him into new places, some unknown, some already visited (yet just as well new). Mayhaps his was not so great of an imagination, may be he preferred not to stray too far from the center of that garden, a fountain, surounded by silver chairs. Chairs that cradled him on gentle dreams of clouds as soft as pillows. The Moon. He saw on her an unloved lover, ready to bear all his burdens as no woman did. Ever felt like a misplaced pawn on a much greater-than-life board, always being beaten by a white queen, mean and with deep velvet eyes. Nightmares. Those frightened his boyhood as well as the ones he oft saw on that garden of innocence. Reckoner, mounted, cold-glanced men with toppers gazed at him and pointed to the same mirror that reflected the strange cowled man.
His was the awe, his was the memory of those unfulfilled and unrevealed dellusions of despair. Wishing that, gone a thousand (or so it seemed) years now, he had the moon by his side, he could still only see on his platonic lover the reflection of his past mistakes, under the guise of that same old grinning, cowled man, now much more recognizable: his own present being, sheding tears crimson as a mare's blood. Poor man, rolling the dices to try his future once more. Paying the price of guilt for being such a lackwit. Gaoler of his own desires, overburdened by his own soul's ugliness. Forbidden to feel and forever encumbered by the price of the endless dreaming.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Gott ist lebendig

Chorava lágrimas de alegria cor de safira enquanto recebia em suas mãos a esfera negra estrelada, e a apoiava calmamente sobre seu cólo. Herdara o maior tesouro de toda a existência, e se perguntava se isso era o que Hegel queria dizer com interiorizar a manifestação do espírito. Dane-se Hegel, o que tinha em suas mãos era mais lindo que palavras e pensamentos. A orbe apenas Era. E durante Eras mais ficou ali, parado, apenas contemplando-a, em um confortável torpor, sem perceber o maravilhoso pôr-do-Sol magenta que tomava lugar todos os dias em sua frente. Levantou-se, e foi dar uma volta pela Terra, ver algumas falésias.