quinta-feira, 7 de abril de 2011

Santuário de fumaça e espelhos

Essa skyline tênue divide os mortais, no fundo do poço, dos iluminados, nos topos de seus prédios, voando por sua imaginações regadas a soma e bourbon. Debaixo desta placa, só consigo enxergar o que sobrou das luzes ora cintilantes, o certo prenúncio de um futuro trágico. Apesar disso, só penso em não notá-los. Nem seus carros, nem seus cartões de crédito, suas falsas esperanças num deus silencioso de um amanhecer perdido, nem em seus cigarros de sabor; são todos condenados a seus batimentos elevados, fadados a ter apenas a paixão momentãnea que acalma seus ímpetos inebriados de dor e pompa.
No mais sóbrio de meus sonhos, enquanto as luzes ainda eram vigentes em sua supremacia e dotadas de encanto sobrenatural, eu arrotava pedaços de minha existencia e nuvens de impropérios em forma de versos canônicos, dentro de um único formato: a única língua que aprendi a falar, idioma de malditos. Enquanto meu desdém por eles ainda me inspirava apenas o nojo, estava contente. Meu ódio nasceu com a repetição de seus valores e credos pervertidos: diziam me amar, mas só o que valia era a maisvalia. E a saber: não há sonhos, esperanças, e nem heróis aqui no inferno.